Distúrbios do sono e excesso de medicamentos: mais de 70% dos brasileiros têm problemas para dormir

  • 19/06/2024
(Foto: Reprodução)
A dificuldade para dormir foi o tema do Profissão Repórter desta terça-feira (18). Pacientes lutam contra a dependência de remédios contra a insônia enquanto buscam uma melhor qualidade de vida. Edição de 18/06/2024 De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), mais de 70% dos brasileiros têm problemas para dormir. Nos últimos anos, principalmente depois da pandemia de coronavírus, o Brasil tem vivido um aumento expressivo na venda de remédios para dormir, como o Zolpidem - cuja automedicação pode causar dependência. O Profissão Repórter desta terça-feira (18) mostrou quais os principais distúrbios do sono, as possibilidades de tratamento e como a insônia impacta a vida de trabalhadores no país. Saiba mais abaixo: Distúrbios de sono Em São Paulo, funciona o maior Instituto do Sono do mundo. Todas as noites, cerca de 100 pacientes visitam a clínica para fazer a polissonografia — um exame capaz de detectar o que acontece com o corpo durante o sono. A reportagem acompanhou a noite de exame do advogado Éder Queiroz, que sofre de insônia há décadas, dormindo menos de 4 horas por dia. Ele foi diagnosticado com apneia do sono, em que a pessoa apresenta pausas respiratórias enquanto dorme. Este é o distúrbio mais frequente entre os pacientes com problemas para dormir, segundo o Instituto. Ele passará a usar em casa o CPAP, aparelho que vai ajudá-lo a respirar melhor durante a noite. "Estou pagando a conta de tantos anos mal dormidos", afirma Éder. "Sempre trabalhei muito. Dormir pouco nunca foi opção. Quem sabe um dia conseguirei dormir mais de 4 horas por noite", afirma. A cidade que não dorme Na capital popularmente conhecida como a cidade que não dorme, muitas pessoas não têm tempo pra dormir. O repórter cinematográfico Alex Gomes e a repórter Sara Pavani foram para as ruas de São Paulo para conhecer quem são os trabalhadores que enfrentam jornadas exaustivas de trabalho — e sofrem as consequências disso no próprio sono. É o caso de Ana Vitória, que sai de cada ainda de madrugada para dar conta de dois empregos e um curso superior noturno. Das dezessete horas que a jovem passa fora de casa, três são na companhia de ônibus e metrôs lotados. "É nos meus trajetos que eu tento dormir um pouco. As vezes encosto na janela do ônibus e durmo de tão cansada", conta. Ana dorme de três e quatro horas. Durante a noite, ela é estudante do curso superior de pedagogia, mas precisa dividir o sonho de ser professora com outro objetivo. Para ajudar a mãe a reformar a casa, ela concilia os estudos com dois empregos. "Eu sou assistente em um laboratório particular de exames e à tarde consegui um estágio em uma escola infantil para ajudar os professores. Até gostaria de dormir, mas pela necessidade eu não consigo", relata. O boom do Zolpidem Mais de 80% dos casos de insônia não têm indicação para tratamento com remédio, explica a psiquiatra Laís Vazami. "A higiene do sono é a chave para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com insônia", diz. Isso inclui novos hábitos na hora de dormir, como ingerir alimentos mais leves, ficar longe das telas e desacelerar no final do dia. Mesmo assim, nos últimos anos, principalmente depois da pandemia, o Brasil tem vivido um crescimento na venda de remédios para dormir, como o Zolpidem - cuja automedicação pode causar dependência. Pacientes do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (PROAD) da Unifesp compartilham com a equipe do Profissão Repórter como é a batalha para abandonar o vício no medicamento. "Fiquei mais de um mês internada para me livrar do Zolpidem. Mas tive recaídas e continuo nessa luta", afirma Gisele Mota, que está há mais de um ano afastada da escola onde trabalhava como professora. "Me sinto inútil e muito frustrada. Tudo o que eu queria era retomar a minha rotina sem o Zolpidem. Mas não consigo dormir sem ele." O consumo de Zolpidem está tão desenfreado, que a Anvisa teve que aumentar o controle da venda do medicamento. A partir de agosto deste ano, será preciso apresentar a receita azul — mais difícil de conseguir — para comprar o medicamento. Mais de 70% dos brasileiros têm problemas para dormir Reprodução Confira as últimas reportagens do Profissão Repórter:

FONTE: https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2024/06/19/disturbios-do-sono-e-excesso-de-medicamentos-mais-de-70percent-dos-brasileiros-tem-problemas-para-dormir.ghtml


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